Nenhum medicamento está completamente isento de riscos, especialmente para mulheres grávidas. Todos ouviram falar da catástrofe ocorrida há cerca de 50 anos: crianças cujas mães utilizaram talidomida para atenuar enjôos e ansiedade durante o primeiro trimestre da gravidez nasceram deformadas. Por outro lado, muitas gestantes necessitam de tratamento medicamentoso contínuo por diferentes razões e não tratar determinadas patologias pode ser mais perigoso para a mãe e para o bebê do que o medicamento em questão. Assim, estabelecer a relação de risco e de benefício é tarefa complexa, de competência exclusiva do médico obstetra. De acordo com critérios de risco, os diferentes medicamentos são classificados em cinco categorias: seguros para uso na gravidez (classe A); considerados seguros em animais de experimentação, mas para os quais não existem estudos controlados em humanos (classe B); que provocaram efeitos adversos em animais, mas que não possuem estudos controlados em humanos (classe C); comprovadamente associados a risco fetal (classe D); e os contra-indicados na gravidez (X), como a talidomida. Muitos medicamentos comumente utilizados na gravidez pertencem às classes B e C.
Analgésicos que contêm aspirina, por exemplo, são da classe C. O paracetamol, considerado o analgésico mais seguro em grávidas, é da classe B. Preferimos utilizar antibióticos da classe B (como a penicilina), mas pode ser necessário empregar outros tipos classificados como C. A decisão deve ser tomada em bases individuais e, às vezes, o risco de utilizar antidepressivos (classe C), por exemplo, é menor que as complicações psiquiátricas que podem ser causadas com a interrupção do tratamento. O ponto principal desta complexa equação é que o efeito potencial dos diferentes medicamentos sobre o bebê varia de acordo com a idade gestacional em que ocorreu a exposição fetal. O ideal é que a mulher não utilize nenhuma medicação, nem cigarro ou bebida alcoólica, entre 6 e 8 semanas de gestação. Este é o período embrionário crítico, no qual as principais estruturas nobres estão sendo formadas, especialmente o sistema nervoso central. Na prática, nenhuma grávida deveria tomar qualquer medicação durante os nove meses sem consultar o seu médico sob risco de prejudicar o seu bebê ou a si mesma.
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